Pró-Labore: O Que É, Como Calcular e Retirar Corretamente Sem Prejudicar o Caixa da Empresa

Pró-Labore: O Que É, Como Calcular e Retirar Corretamente Sem Prejudicar o Caixa da Empresa

Se por acaso você é sócio administrador de uma empresa ou atua diretamente na gestão do seu próprio negócio, então entender o que é pró-labore e, principalmente, como retirá-lo corretamente pode fazer toda a diferença entre uma operação financeira saudável ou, em contraste, um verdadeiro caos no caixa.

Neste conteúdo, você vai entender de forma simples o que é pró-labore, descobrir como calcular o valor ideal e, além disso, aprender a fazer a retirada correta sem prejudicar a saúde financeira da empresa ou enfrentar problemas com a Receita Federal.

O Que É Pró-Labore e Por Que É Obrigatório?

Em resumo, pró-labore vem do latim e significa “pelo trabalho”. Na prática, é o salário do sócio que atua na empresa. Diferente da distribuição de lucros, ele é fixo, mensal e obrigatório para quem exerce funções administrativas.

Quem deve receber pró-labore?

  • Sócios que atuam diretamente na gestão ou operação da empresa.
  • Administradores, mesmo que sejam os fundadores, devem estar formalizados como prestadores de serviço.

Quem está isento?
  • Sócios investidores (que apenas aplicam capital e não atuam na rotina da empresa) não são obrigados a receber pró-labore. Nesse caso, recebem apenas distribuição de lucros, isenta de impostos desde que a contabilidade esteja em dia.

Importante: para ser legal, o pró-labore precisa constar na contabilidade da empresa e estar sujeito à folha de pagamento, com recolhimento de INSS e IRRF.

Diferença Entre Pró-Labore e Distribuição de Lucros

Apesar de parecerem semelhantes, são naturezas diferentes:

TipoFinalidadeTributaçãoPeriodicidade
Pró-laboreRemuneração pelo trabalhoINSS (11%) e IRRF (se aplicável)Mensal
Distribuição de lucrosRetorno do investimentoIsento, se com contabilidade regularConforme resultados

Ou seja, o pró-labore funciona como o salário do sócio gestor, enquanto os lucros são dividendos do negócio.

Quais Impostos Incidem Sobre o Pró-Labore?

Por isso, o pró-labore gera obrigações fiscais que devem ser observadas com atenção, a fim de manter a empresa em conformidade com a legislação.

INSS – Previdência Social
  • 11% sobre o valor bruto é retido do sócio.
  • 20% pagos pela empresa, exceto no Simples Nacional (onde está incluso na alíquota).

Assim sendo, essa contribuição é indispensável para que o sócio possa assegurar a aposentadoria, além disso, ter direito a benefícios como auxílio-doença e salário-maternidade.

IRRF – Imposto de Renda Retido na Fonte
  • Aplica-se somente se o valor ultrapassar a faixa de isenção da tabela do IRPF.
  • O valor descontado deve ser repassado mensalmente para a Receita Federal.

Atenção!

Em outras palavras, deixar de recolher o INSS ou declarar o pró-labore corretamente pode resultar em consequências sérias, tais como:

  • Multas;
  • Perda de benefícios previdenciários;
  • Risco de cair na malha fina.

Como Calcular o Pró-Labore Sem Prejudicar o Caixa

Geralmente, um dos maiores erros cometidos por quem possui CNPJ é definir o pró-labore com base em suposições. Pior que isso, é adotar a prática de retirar apenas o que “sobra” no fim do mês, sem nenhum critério financeiro.

Passos para um cálculo saudável:
  1. 1. Analise o faturamento líquido da empresa.
  2. 2. Considere todas as despesas fixas e variáveis.
  3. 3. Estime o lucro líquido esperado.
  4. 4. Defina um percentual que não comprometa a operação.

Dica prática: em empresas de pequeno porte, um pró-labore entre 15% e 25% do lucro líquido mensal geralmente é viável e contribui para manter a saúde financeira do negócio.

Exemplo:
  • Faturamento: R$ 20.000
  • Despesas fixas: R$ 12.000
  • Lucro líquido: R$ 8.000
  • Pró-labore recomendado: R$ 2.000 a R$ 2.500

Como o Pró-Labore Impacta o Fluxo de Caixa

Por padrão, o pró-labore é uma despesa fixa obrigatória. No entanto, quando mal planejado, ele pode comprometer diretamente a capacidade de pagamento da empresa.

Riscos de um pró-labore mal dimensionado:

  • Falta de recursos para pagar fornecedores ou tributos;
  • Comprometimento da folha de pagamento de funcionários;
  • Necessidade de empréstimos para cobrir déficits.

Como evitar prejuízos:
  • Mantenha um controle financeiro detalhado;
  • Crie projeções mensais de receita e despesa;
  • Estabeleça uma reserva de emergência;
  • Reavalie o pró-labore a cada trimestre.

A Obrigatoriedade da Retirada do Pró-Labore

De acordo com a legislação, a Receita Federal exige que todo sócio administrador tenha um pró-labore devidamente declarado e tributado. Caso contrário, as empresas que não cumprem essa exigência podem ser submetidas à fiscalização e obrigadas a pagar valores retroativos com acréscimo de juros e multa.

Como a Receita fiscaliza?
  • eSocial cruza dados da empresa com:
    • Folhas de pagamento;
    • Declarações de IRPJ e IRPF;
    • Movimentações bancárias.

Ou seja, se a empresa possui movimentação financeira, mas mesmo assim não declara o pró-labore, ela está sujeita a ser intimada pela Receita Federal para justificar essa omissão.

Como Declarar o Pró-Labore no IRPF

Nesse sentido, para o sócio administrador, o valor recebido como pró-labore deve ser informado no Imposto de Renda Pessoa Física, sendo classificado como rendimento tributável.

Onde declarar?
  • Na ficha “Rendimentos Tributáveis Recebidos de Pessoa Jurídica” do IRPF.
  • Fonte pagadora: a própria empresa.

Documentação necessária:
  • Folha de pagamento mensal;
  • Informe de rendimentos emitido pela contabilidade.

Dessa forma, as contribuições de INSS podem ser deduzidas do imposto devido e, como resultado, ajudam a reduzir legalmente a carga tributária.

O Papel da Contabilidade na Gestão do Pró-Labore

Por isso, a contabilidade é absolutamente indispensável para manter o pró-labore em conformidade com a legislação. Além disso, ela ajuda a evitar prejuízos fiscais e garante mais segurança na gestão financeira.

Como o contador pode ajudar:
  • Definir o valor ideal para o sócio sem afetar o caixa;
  • Emitir folha de pagamento e guias de recolhimento;
  • Calcular corretamente os tributos (INSS e IRRF);
  • Orientar na declaração correta do IR;
  • Garantir a conformidade com o eSocial e demais obrigações;
  • Planejar a melhor distribuição entre pró-labore e lucros.

Considerações Finais: Pró-Labore Bem Feito É Gestão Inteligente

Mais do que uma obrigação fiscal, o pró-labore é, acima de tudo, uma ferramenta essencial para a organização financeira. Além disso, contribui diretamente para a proteção patrimonial e garante a regularidade da empresa junto ao fisco.

Recapitulando:
  • Primeiramente, é obrigatório para sócios que trabalham na empresa;
  • Além disso, deve ser calculado com base na capacidade real da empresa;
  • Consequentemente, impacta diretamente o fluxo de caixa;
  • Por esse motivo, deve ser declarado corretamente para evitar penalidades;
  • Por fim, a gestão contábil estratégica pode reduzir impostos e ainda aumentar a segurança jurídica do negócio.

Lembre-se: administrar uma empresa exige separação clara entre o que é pessoal e o que é empresarial. O pró-labore ajuda justamente a manter essa linha.

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